Clair Obscur: A Expedição 33 se tornou a grande surpresa do ano, alcançando números de vendas espetaculares e recebendo elogios do público e da crítica. Há muitos que consideram este RPG francês um dos títulos mais destacados dos últimos tempos, tanto pela jogabilidade quanto pelo fenômeno midiático que gerou.
Do seu lançamento oficial em abril de 2025 para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC –junto com seu lançamento no Game Pass–, o jogo tem ultrapassou dois milhões de cópias vendidas em apenas doze dias. Um número que, segundo a Kepler Interactive e a Sandfall Interactive, posiciona a Expedição 33 bem acima das expectativas para um primeiro projeto independente.
Um desenvolvimento atípico e uma história de sucesso incomum
O caso da Sandfall Interactive é único no setor. A maioria dos seus quase trinta membros são ex-funcionários da Ubisoft ou jovens talentos recrutados de comunidades online durante a pandemia. O diretor criativo Guillaume Broche deixou seu emprego na Ubisoft durante o lockdown e fundou o estúdio em 2020, recrutando o escritor e o compositor principais — Jennifer Svedberg-Yen e Lorien Testard, respectivamente — por meio de fóruns como Reddit e SoundCloud. Esta forma pouco convencional de formar a equipa revelou-se, em retrospectiva, uma das chaves para o frescor da proposta.
Expedição 33 É inspirado nos grandes clássicos japoneses de RPG por turnos, especialmente Final Fantasy e Persona, mas todos com uma identidade europeia marcada pela ambientação na Belle Époque francesa. O resultado é um jogo que desafia as convenções do gênero e conecta tanto veteranos quanto novos jogadores. Vale a pena mencionar que eles conseguiram capturar o clássico "mapa-múndi" de uma das formas esteticamente mais agradáveis já vistas em RPGs modernos.
Não é de estranhar, portanto, que a a própria recepção foi tão positiva: Não só as vendas dispararam nas primeiras 24 horas — com meio milhão de unidades vendidas — mas o título logo alcançou pontuações acima de 90 no Metacritic e outras plataformas de classificação.
Impacto internacional e reconhecimento institucional
O sucesso de Clair Obscur: A Expedição 33 transcendeu o estritamente comercial. O próprio presidente francês Emmanuel Macron destacou publicamente a conquista do estúdio nas redes sociais, parabenizando a equipe por "ser um exemplo brilhante da criatividade e audácia francesas". Essas palavras não só surgiram após sabermos o milhão de cópias vendidas três dias após o lançamento, mas também reconhecimento do impacto internacional que a obra teve. Por outro lado, a resposta curiosa e cômica da equipe de desenvolvimento foi um emoji de "baguete".
A mensagem de Macron reflete o orgulho nacional por um produto cultural que trouxe com sucesso elementos da história e da estética francesa para a vanguarda do cenário global de jogos. O cenário e as referências à cultura gaulesa foram elogiados por críticos e jogadores do mundo todo.
A estreia inesperada da Expedição 33 também serviu para iniciar discussões sobre a papel dos estúdios modestos em comparação com as grandes empresas, e como a imaginação e a tomada de riscos ao projetar novas propostas podem fazer a diferença em um setor cada vez mais homogêneo.
Uma aventura de fantasia sombria com identidade própria
Grande parte do apelo de A Expedição 33 reside em seu mundo e sua mecânica. Mergulhamos em um universo sombrio e onírico, onde a cada ano a misteriosa figura do "Pintor" elimina toda a população que atingiu uma determinada idade. Assumimos o papel de um grupo de expedicionários determinados a quebrar esse ciclo, desvendando os mistérios por trás da mão que dita o destino da humanidade. O combate combina estratégias clássicas baseadas em turnos com mecânicas de esquiva e bloqueio em tempo real, proporcionando dinamismo e frescor.
Como se fosse pouco, A música também se tornou uma das grandes protagonistas do sucesso. A trilha sonora original de Lorien Testard inclui mais de 150 temas e foi ouvida em plataformas de streaming mais de 18 milhões de vezes em apenas algumas semanas. A Billboard colocou o álbum no topo das paradas de música clássica e crossover, consolidando ainda mais o fenômeno dentro e fora do mundo dos games.
Figuras da indústria, como o desenvolvedor japonês Kazutaka Kodaka, destacaram publicamente a proposta como "o futuro dos RPGs", destacando a conexão global que o trabalho gerou e como ele serviu como ponto de encontro entre sensibilidades criativas de diferentes países. Outro diferencial é o elenco de dubladores, que conta com nomes como Ben Starr, Jennifer English, Charlie Cox e Andy Serkis, o que trouxe personalidade e carisma à narrativa.
O sucesso de Clair Obscur: Expedition 33 também gerou discussões sobre o papel dos estúdios independentes na indústria de videogames.. O compromisso com ideias originais e uma narrativa sólida provou que talento e paixão podem superar grandes orçamentos e campanhas publicitárias.