ARM e Qualcomm prestes a romper relações: o futuro do Snapdragon e do Android em risco

  • A ARM emitiu um ultimato de 60 dias à Qualcomm para cancelar seu contrato de licenciamento.
  • A disputa gira em torno da aquisição da Nuvia pela Qualcomm e do uso de seus designs de chips Oryon.
  • A Qualcomm poderá enfrentar a impossibilidade de comercializar seus principais processadores, afetando o mercado Android.
  • O conflito legal poderia remodelar o cenário tecnológico e aumentar os concorrentes da ARM, como a arquitetura RISC-V.

Chips ARM

O conflito entre ARM e Qualcomm continua a disparar alarmes no setor de tecnologia, especialmente na área de dispositivos móveis e computadores que dependem de processadores desenvolvidos sob a arquitetura ARM. Nos últimos anos, a Qualcomm tem sido um dos seus maiores parceiros, graças aos populares chips Snapdragon que encontramos na grande maioria dos terminais Android. No entanto, disputas recentes entre ambas as empresas podem colocar esta posição dominante em risco. ARM deu um ultimato de 60 dias à Qualcomm, ameaçando cancelar automaticamente todas as licenças que permitem à empresa norte-americana conceber os seus microprocessadores baseados na arquitetura ARM. Se não chegarem a um acordo antes do final deste período, a Qualcomm não poderá continuar a comercializar alguns dos seus principais produtos, como o recente Snapdragon 8 Elite, o que implicaria perdas multimilionárias e uma possível escassez de dispositivos Android com seus chips.

Nuvia, a origem do problema

Qualcomm Snapdragon 855

A confusão jurídica começou em 2022, quando a ARM processou a Qualcomm após a compra da Nuvia, uma startup especializada em design de processadores que funcionou com licenças ARM. Esta compra permitiu à Qualcomm desenvolver sua própria CPU chamada Oryon, que foi lançado em aparelhos como o Snapdragon 8 Elite e o Snapdragon X Elite, voltados para smartphones e laptops, respectivamente.

ARM afirma que a transferência de designs da Nuvia para a Qualcomm sem sua permissão viola os termos do contrato de licença, e exige a destruição de todos os designs criados antes da aquisição. Isto levou a uma briga entre gigantes que ameaça paralisar a produção de processadores Qualcomm caso não seja alcançada uma renegociação favorável para a ARM.

Em declarações oficiais, a Qualcomm respondeu que “a ARM está usando ameaças infundadas para pressionar” e garantiu que confia que o tribunal ratificará seus direitos de licenciamento. No entanto, o risco é real: se a Qualcomm não conseguir manter o acesso aos designs ARM, todos os seus CPUs baseados em Oryon seriam deixados de fora da equação, criando uma incompatibilidade significativa no mercado de processadores Android.

Impacto no mercado Android e PC

Qualcomm Snapdragon 8 Elite

Se a ARM cumprir sua ameaça e a Qualcomm perder o direito de usar a propriedade intelectual da ARM, As repercussões seriam dramáticas.: Isso afetaria não apenas os negócios da Qualcomm, mas também o mercado de smartphones, laptops e outros dispositivos onde seus processadores são essenciais. Produtos como o Snapdragon

Além disso, os fabricantes de smartphones Android, que dependem dos chips Qualcomm, poderão ser forçados a procurar alternativas. Esse poderia aumentar os preços dos dispositivos no mercado ou mesmo causar alguma escassez, especialmente se a produção de chips Qualcomm for interrompida. A ARM também busca que todos os PCs usando processadores Snapdragon X Elite seriam destruídos, o que afetaria tanto as empresas que adotaram essas soluções quanto os próprios consumidores, gerando o caos no mercado de notebooks.

A ascensão da arquitetura RISC-V

Como se não bastasse, a Qualcomm está se movimentando para reduzir sua dependência da ARM com uma nova aposta: o Arquitetura RISC-V. Esta tecnologia de código aberto está começando a ganhar força na indústria, e a Qualcomm já anunciou que está desenvolvendo um chipset baseado em RISC-V para dispositivos Wear OS, em colaboração com o Google.

O RISC-V apresenta-se como uma alternativa atractiva à arquitectura ARM, não só por ser isenta de royalties, o que reduzir custos de desenvolvimento, mas porque oferece uma flexibilidade que o ARM não possui. Empresas como Google, Bosch e NXP Eles já demonstraram seu apoio a esta tecnologia, o que poderá torná-la uma futura concorrência direta para a ARM.

O projeto da Qualcomm para incorporar processadores RISC-V em smartwatches e outros dispositivos com Use o SO Ainda está em desenvolvimento e, embora ainda esteja nos estágios iniciais, o potencial desta arquitetura é enorme. Se conseguir superar os atuais desafios de desempenho e compatibilidade com o Android, poderá mudar o cenário dos dispositivos móveis.

A colaboração da Qualcomm com o Google também é um movimento estratégico importante. Não só implica um maior desenvolvimento em torno do RISC-V, mas também pode ser o prelúdio para novos dispositivos Android baseados nesta arquitetura, o que poderia representar uma séria ameaça para a ARM a longo prazo.

O futuro incerto da ARM e da Qualcomm

Qualcomm bloqueia iPhone China

A situação atual oferece uma gama de possibilidades. Por um lado, se a Qualcomm conseguir negociar novas licenças com a ARM ou se os tribunais decidirem a seu favor, o conflito poderá dissipar-se. No entanto, se não for esse o caso, a Qualcomm poderá ser forçada a acelerar a sua transição para o RISC-V, algo que acabaria por ajudar a reduzir a sua dependência do ARM.

Por seu lado, a ARM mudou a sua estratégia de negócios sob a direção do seu CEO, Rene Haas, tentando tornar-se um concorrente mais direto, oferecendo soluções mais completas e reduzindo o seu papel como mero licenciante. Essa mudança de rumo prejudicou seu relacionamento com a Qualcomm, que durante anos foi um de seus principais parceiros.

De qualquer forma, o conflito entre ARM e Qualcomm marcará um antes e um depois no mundo dos semicondutores e dispositivos móveis. Embora o ARM permaneça no trono como referência em arquitetura de dispositivos móveis, a arquitetura RISC-V está começando a ganhar força como uma alternativa viável. Nas próximas semanas teremos que ficar atentos à evolução da situação, mas uma coisa é certa: o panorama tecnológico poderá mudar drasticamente.


Siga-nos no Google Notícias